Gestão por quem gerencia e para quem gerencia

Este é o Blog do Professor e pesuisador Gabriel A. L. A. Castelo Branco.

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terça-feira, 15 de junho de 2010

Economia em excesso pode sair muito caro para a empresa

Mais uma vez pude ver a história se repetir. No anseio de reduzir custos uma empresa começou a fazer cortes gerais. Cortou de tudo. Foi uma festa da lucratividade.

Os cortes nos custos foram feitos de todas as formas. Foram custos fixos, variáveis, troca de fornecedores e por fim, corte de pessoal. Mas vamos do início.

O que relato transcorreu nos últimos dois anos e as ações foram tomadas e capitaneadas pelo mesmo gestor.

Tudo começou com a necessidade de reverter resultados financeiros da empresa.

Havia a percepção de que a empresa não tinha a rentabilidade adequada ou possível. Sempre ouvia reclamações do seu gestor de que a empresa não "rendia" o suficiente, para utilizar o conceito expresso pelo seu responsável. Particularmente interpretava a mensagem como sendo: a rentabilidade poderia ser melhorada.

Sem qualquer interferência e de acordo com o cotidiano dessa organização, observei que o gestor, unilateralmente, começou a fazer um sistema de procura, identificação e redução de custos na empresa, de forma simples e objetiva.

Inicialmente, houve a troca de fornecedores de itens de consumo interno da empresa. Excelente ação na minha opinião, afinal são trocados itens que não refletem nas ações comerciais da empresa ou de sua atividade, prestação de serviços. Foram atacados os custos fixos e as despesas.

Rapidamente comecei a sentir uma melhora nos resultados de caixa da empresa.

As economias, como a troca da marca do café utilizado, por exemplo, não refletiram na equipe qualquer tipo de desmotivação.

Mas é nesse ponto que problemas podem acontecer.

O tomador de decisão tem que ter claramente definido como conduzir as finanças de sua empresa. Com o intuito de reduzir cada vez mais os custos, ele iniciou um sistema de cortes em todos os custos da empresa.

O problema se deu quando os cortes atingiram os custos diretamente ligados à produção da empresa. Nos itens que são ligados diretamente ao produto adquirido pelo cliente. O impacto foi imediato.

Na troca de fornecedores de matérias-primas, por outros mais baratos, não foram observados critérios de qualidade, ocorrendo oscilação na percepção do cliente.

Vários clientes imediatamente reclamaram. Entre tantas reclamações muitos simplesmente informaram que não mais comprariam o produto da empresa. Não só informaram como desapareceram. Obviamente procuraram os concorrentes.

Posteriormente, a empresa se viu obrigada a estabelecer uma nova estratégia de preços, o que na prática significou uma remarcação dos preços para baixo, na tentativa de reconstruir carteira de clientes. Ainda observou-se substancial perda de clientes e faturamento.

Resultado: mesmo com o corte de custos, o faturamento também diminuiu dada a nova estratégia de preços. Na prática, muito se gastou e nada se conseguiu.

Para piorar, a sede pelo controle de custos não parou. Na última etapa foram cortadas posições funcionais na empresa e sacrificadas necessidades de investimento.

O corte de pessoal não foi feito simplesmente por demissões. Isso também ocorreu, mas em menor monta.

Com o passar do tempo mais funções foram repassadas aos funcionários e os que pediam demissão não eram substituídos. E cada vez mais os funcionários tinham mais afazeres.

Em paralelo, as condições de trabalho também eram reduzidas pelo não reinvestimento na estrutura da empresa.

Agora, o que se vê é a empresa em franco declínio. Presa em uma armadilha criada por ela mesma.

Não tem como ampliar preços, os clientes já não dão tanto crédito à qualidade dos produtos; os funcionários apresentam sintomas de estresse e fadiga, com, cada vez mais, faltas ao trabalho; tecnologicamente a empresa está desatualizada; e, os consumidores cada vez mais insatisfeitos e migrando para os concorrentes.

Tenho a convicção de que os cortes de custos, assim como as ações da empresa, necessitam de um objetivo específico.

@castelodf

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